terça-feira, fevereiro 05, 2008

SÓ poema de José Maria Lopes de Araújo







Ai, se eu pudesse evadir-me
De mim mesmo,
Desta prisão
Que me põe grades, no coração ...
Se eu pudesse partir, correr,
Caminhar sem norte,
Correr , a esmo ,
Na floresta dos meus sonhos ,
E colher rosas orvalhadas
E alvas hortênsias
Nas bermas das estradas ...


Mas correr, cantando
Hinos de louvor à vida ,
Pelo odor
Que se emana da natureza
Pelo bem da Humanidade,
Pela pétala caída ...
Pela beleza
Da flor
Que nos enche a alma e o olhar
De alacridade
E cor ! ...


E continuo a viver ,
Encarcerado ,
Mesmo dentro de mim ...
Esmaga-me o silêncio
Das coisas, das pessoas ...
E a labareda da loucura
Continua crescendo, no incêndio
Da floresta dos meus sonhos !


Ai, se eu pudesse evadir-me
Das grades do meu coração ...
Não mais sofreria,
Como sofro ... Não ! Não !


Agora, já tudo é cinza ...
Já tudo é pó ..
E recomeço a sentir-me, no mundo,
Isolado...Só...Muito só...
Cada vez mais só ! ....


JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO
do Livro " Outono da Vida "

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