sexta-feira, dezembro 18, 2009

Natal























NATAL

I

Todos os anos escuto o mesmo :
- Natal ! Natal ! Paz, Alegria, Amor,
Presépio, Lareira, Calor!
E ali vive a fome, dura, crua, nua.
E mais além se estende o frio,
Nos escuros casebres,
Nas portas dos templos,
Na rua … na rua !


Outra vez Natal …
Mas que Natal à vista?
O mesmo de sempre.
Quem m’o nega? Quem?
Que se lance um olhar
Para além,
Para além do mar …
E digam-me onde está o Bem …


No Iraque? Em Timor?
Já satura, já cansa
Sustentar uma esperança
Duma paz mentirosa,
Suportar esta dor,
Numa guerra que se adivinha
E que se aproxima e avança!

Basta de insultos!
Na árvore esplendorosa
De brilhos e de luzes,
Há reflexos de cruzes
Que arrastam os que sofrem!

Natal? Só agora? Agora?
Hipócritas! Hipócritas!
Todos os dias acontece Natal! …
Ele veio ao Mundo e ficou …
E anda por aí maltratado,
Injuriado, abandonado,
Na imagem viva dos que sofrem!

Olha o encarcerado,
O doente, o moribundo,
O inocente roxo de frio,
A inveja, o egoísmo e o mal
E então poderás clamar bem alto:
Agora afinal é que é Natal!
 
José Maria Lopes de Araújo

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