terça-feira, fevereiro 05, 2008
MISSA DISTANTE poema de José Maria Lopes de Araújo
MISSA DISTANTE
Quando, por tua mão, eu caminhava,
Ainda noite, para a missa cedo,
Com que alegria, Mãe, e com que medo,
Em apressado andar, te acompanhava !
Medo, por ser ainda noite escura ...
E uma alegria sã porque ia ver
O Deus que era a razão do meu viver,
O Deus - Bem, o Deus – Paz, Amor, Ventura !
Era o Templo alumiado pela luz
Bruxuleante de círios derretidos ...
E com meus olhos sãos, entristecidos,
Eu via-te, na Cruz, é meu Jesus !
Cá fora, ecoava, a voz do sino ...
No ar, pairava um cheiro a alecrim...
Não sei o que sentia, dentro de mim,
No meu coração puro, de menino !
Eu tinha medo, medo de perder
A ideia de jamais, com tua mão
Na minha, então voltar à oração
Dessa missa que eu não voltei a ter !
Ela tinha um sabor bem diferente ...
E quando se voltava ao adro, o dia,
Alto já, espalhava uma alegria
Que contagiava toda, toda a gente !
Missa cedo, de um tempo já distante ...
Com que saudades eu te lembro agora ...
... Um cheiro a rosmaninho, cá por fora,
Lá dentro, incenso, preces, voz cantante !
No confessionário, balbuciando
A voz do pecador, arrependido ...
E o velho cura sente-se perdido
Nesse mar de perdão que vai doando !
Missa cedo, levaste-a, Mãe, contigo !
Que eu nunca mais voltei a vê-la, não!
Mas deixaste-ma a Fé, no coração,
Que veio para ficar sempre comigo !
JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO
do Livro " Outono da Vida "
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